Estamos preparados para tanta tecnologia?

29/05/08
A vida não é fácil para policiais que investigam crimes na internet. Outro problema é fazer os juízes compreenderem as ocorrências. E o que fazer com os computadores que vão para o lixo?
Na série de reportagens que o Jornal Nacional apresenta sobre como os computadores estão mudando a vida dos brasileiros, Flávio Fachel apresenta, nesta quinta, uma discussão: estamos preparados para tanta novidade?
Não havia arma. Ninguém viu o bandido que levou todas as economias da estudante Érica Almeida: R$ 1,2 mil. Abrindo uma mensagem estranha que chegou em sua caixa postal, a estudante descobriu da pior forma o ditado número 1 da segurança na Internet: as aparências enganam.
“Eu abri minha conta corrente, como eu fazia constantemente, e verifiquei que aquele dinheiro não estava mais lá. Havia sumido. Eu fui assaltada na verdade”.
É a mais elementar das sensações humanas: a curiosidade, que leva as vítimas de golpes na internet à sedução do ‘clique aqui’. Quem resiste ao convite?
“Não acredite em propostas mirabolantes de ganhar muito dinheiro em pouco tempo, não acredite que uma tal criancinha se perdeu. Existe muito, mas muito conteúdo direcionado para a ingenuidade das pessoas”, orienta Mário Brandão, presidente da Associação Brasileira de Centros de Inclusão Digital.
Mário já ajudou várias empresas a escapar do ataque de quadrilhas na internet. Ele conhece todos os truques dos bandidos e mostra o mais usado: basta um clique em mensagens enviadas por estranhos para que os criminosos instalem um programa secreto no computador.
Capaz de copiar à distância tudo o que é digitado no teclado. Isso o que eu acabei de digitar aqui, mesmo que eu não saiba, está sendo capturado e, não só o texto que estou digitando, mas a tela, a imagem e toda a movimentação que eu fiz está sendo gerada num arquivo e está sendo enviada para algum lugar na internet que pode ser qualquer lugar do mundo. No caso, eu estou recebendo isso aqui no meu e-mail, mas observe que a tela que está aparecendo ali veio pra cá”, mostra Mário.
A boa notícia é que tudo o que os bandidos fazem na internet fica registrado em algum lugar. A perícia da Polícia Federal tem todos os equipamentos necessários para achar esses rastros.
O problema é que, segundo os investigadores, é preciso contar com a boa vontade de quem tem as informações gravadas em seus arquivos.
A CPI da pedofilia, no Congresso Nacional, teve que ameaçar fechar o Orkut no Brasil, um dos sites de relacionamento mais famosos do país, para obrigar os responsáveis pela empresa a fornecer os nomes dos autores de páginas que divulgavam fotos de sexo com crianças.
Dificuldade que se repete nas delegacias por todo o Brasil. No Rio, com a mesa cheia de denúncias, o delegado Antenor já perdeu a conta de quantas vezes pediu as informações ao Orkut e não recebeu.
“O que nós queremos é simplesmente um nome e um endereço. Infelizmente, isso nós não conseguimos”, reclamou o delegado Antenor Lopes Martins.
Pelas leis brasileiras, delegados e promotores de justiça podem solicitar a qualquer um todas as informações necessárias para uma investigação.
O responsável pelo Orkut diz que atende todos os pedidos, mas admite que a empresa tem uma equipe própria que decide o que considera irregular ou não.
“Essa equipe de suporte verifica se realmente o ilícito faz sentido tirar do ar ou não. Algumas denúncias não fazem sentido que sejam retiradas as páginas do ar. As denúncias que têm coerência com nossos termos e condições, elas são primeiro retiradas do ar e depois preservadas para que a gente possa dar continuidade em qualquer tipo de ação vinda das autoridades locais”, explica Alexandre Hohagen, diretor do Google no Brasil.
A vida não é fácil para policiais que investigam crimes na Internet. Outro problema para eles é fazer os juízes compreenderem as ocorrências.
Para facilitar o trabalho da Justiça, o delegado decidiu mandar sempre uma espécie de manual básico de informática para os juízes.
A Associação dos Magistrados do Brasil admite: uma parte dos juízes ainda não entende bem como funcionam os computadores e a internet.
“A internet evoluiu muito rápido e, às vezes, o juiz não está atualizado para acompanhar as mudanças e os crimes da internet. Então, o juiz deve se aperfeiçoar. Não basta ser apenas juiz”, disse Rafael de Menezes, diretor de informática da AMB.
Enquanto isso, a tecnologia se multiplica, avança. O que vai ficando pra trás, Seu Sérgio tenta recolher no centro de São Paulo. “Se tivesse alguma coisa quebrada para passar para mim. Até de tarde, nós enchemos o carrinho”.
Olhe bem para essa pilha de lixo. É resultado do troca-troca desenfreado de tecnologia. E o que a turma do Seu Sérgio faz com isso? Nas mãos deles, a ciência volta ao metal, ao plástico e ao vidro.
Quatro anos é o tempo médio que leva para um computador novinho, top de linha, virar sucata. Alguns estão no depósito do Comitê para Democratização da Informática. Os computadores serão consertados e preparados para equipar escolas em todo país.
Mas a grande maioria dos computadores descartados no Brasil vai mesmo parar no lixo. Um problema tão sério que já está sendo acompanhado de perto pela Organização das Nações Unidas.
A ONU alerta: as peças eletrônicas podem conter substâncias tóxicas. Ninguém sabe direito o que fazer com as 50 toneladas de lixo eletrônico produzidas no mundo por ano. E esse número é só uma estimativa.
Por enquanto, baseado no volume de vendas de novos equipamentos nas lojas, a única certeza dos técnicos da ONU é de que o entulho cibernético vai triplicar nos próximos três anos.
Aqui no Brasil, não conseguimos ainda nem decidir direito o que fazer com as pilhas usadas. O que dirá, então, computadores inteiros?
Seu Sérgio decidiu não esperar. Na velocidade do seu carrinho, ele segue o rumo da consciência ambiental.
“Imagina como vai ser a água, esse ar que a gente respira? Agora, nós catadores têm entendimento de saber qual é a importância do nosso trabalho”.
Nesta sexta, o repórter Rodrigo Alvarez vai mostrar onde nasceu a gigantesca indústria da informática.
[+] Informações
[+] Detalhes
[+] Curiosidades
A vida não é fácil para policiais que investigam crimes na internet. Outro problema é fazer os juízes compreenderem as ocorrências. E o que fazer com os computadores que vão para o lixo?
Na série de reportagens que o Jornal Nacional apresenta sobre como os computadores estão mudando a vida dos brasileiros, Flávio Fachel apresenta, nesta quinta, uma discussão: estamos preparados para tanta novidade?
Não havia arma. Ninguém viu o bandido que levou todas as economias da estudante Érica Almeida: R$ 1,2 mil. Abrindo uma mensagem estranha que chegou em sua caixa postal, a estudante descobriu da pior forma o ditado número 1 da segurança na Internet: as aparências enganam.
“Eu abri minha conta corrente, como eu fazia constantemente, e verifiquei que aquele dinheiro não estava mais lá. Havia sumido. Eu fui assaltada na verdade”.
É a mais elementar das sensações humanas: a curiosidade, que leva as vítimas de golpes na internet à sedução do ‘clique aqui’. Quem resiste ao convite?
“Não acredite em propostas mirabolantes de ganhar muito dinheiro em pouco tempo, não acredite que uma tal criancinha se perdeu. Existe muito, mas muito conteúdo direcionado para a ingenuidade das pessoas”, orienta Mário Brandão, presidente da Associação Brasileira de Centros de Inclusão Digital.
Mário já ajudou várias empresas a escapar do ataque de quadrilhas na internet. Ele conhece todos os truques dos bandidos e mostra o mais usado: basta um clique em mensagens enviadas por estranhos para que os criminosos instalem um programa secreto no computador.
Capaz de copiar à distância tudo o que é digitado no teclado. Isso o que eu acabei de digitar aqui, mesmo que eu não saiba, está sendo capturado e, não só o texto que estou digitando, mas a tela, a imagem e toda a movimentação que eu fiz está sendo gerada num arquivo e está sendo enviada para algum lugar na internet que pode ser qualquer lugar do mundo. No caso, eu estou recebendo isso aqui no meu e-mail, mas observe que a tela que está aparecendo ali veio pra cá”, mostra Mário.
A boa notícia é que tudo o que os bandidos fazem na internet fica registrado em algum lugar. A perícia da Polícia Federal tem todos os equipamentos necessários para achar esses rastros.
O problema é que, segundo os investigadores, é preciso contar com a boa vontade de quem tem as informações gravadas em seus arquivos.
A CPI da pedofilia, no Congresso Nacional, teve que ameaçar fechar o Orkut no Brasil, um dos sites de relacionamento mais famosos do país, para obrigar os responsáveis pela empresa a fornecer os nomes dos autores de páginas que divulgavam fotos de sexo com crianças.
Dificuldade que se repete nas delegacias por todo o Brasil. No Rio, com a mesa cheia de denúncias, o delegado Antenor já perdeu a conta de quantas vezes pediu as informações ao Orkut e não recebeu.
“O que nós queremos é simplesmente um nome e um endereço. Infelizmente, isso nós não conseguimos”, reclamou o delegado Antenor Lopes Martins.
Pelas leis brasileiras, delegados e promotores de justiça podem solicitar a qualquer um todas as informações necessárias para uma investigação.
O responsável pelo Orkut diz que atende todos os pedidos, mas admite que a empresa tem uma equipe própria que decide o que considera irregular ou não.
“Essa equipe de suporte verifica se realmente o ilícito faz sentido tirar do ar ou não. Algumas denúncias não fazem sentido que sejam retiradas as páginas do ar. As denúncias que têm coerência com nossos termos e condições, elas são primeiro retiradas do ar e depois preservadas para que a gente possa dar continuidade em qualquer tipo de ação vinda das autoridades locais”, explica Alexandre Hohagen, diretor do Google no Brasil.
A vida não é fácil para policiais que investigam crimes na Internet. Outro problema para eles é fazer os juízes compreenderem as ocorrências.
Para facilitar o trabalho da Justiça, o delegado decidiu mandar sempre uma espécie de manual básico de informática para os juízes.
A Associação dos Magistrados do Brasil admite: uma parte dos juízes ainda não entende bem como funcionam os computadores e a internet.
“A internet evoluiu muito rápido e, às vezes, o juiz não está atualizado para acompanhar as mudanças e os crimes da internet. Então, o juiz deve se aperfeiçoar. Não basta ser apenas juiz”, disse Rafael de Menezes, diretor de informática da AMB.
Enquanto isso, a tecnologia se multiplica, avança. O que vai ficando pra trás, Seu Sérgio tenta recolher no centro de São Paulo. “Se tivesse alguma coisa quebrada para passar para mim. Até de tarde, nós enchemos o carrinho”.
Olhe bem para essa pilha de lixo. É resultado do troca-troca desenfreado de tecnologia. E o que a turma do Seu Sérgio faz com isso? Nas mãos deles, a ciência volta ao metal, ao plástico e ao vidro.
Quatro anos é o tempo médio que leva para um computador novinho, top de linha, virar sucata. Alguns estão no depósito do Comitê para Democratização da Informática. Os computadores serão consertados e preparados para equipar escolas em todo país.
Mas a grande maioria dos computadores descartados no Brasil vai mesmo parar no lixo. Um problema tão sério que já está sendo acompanhado de perto pela Organização das Nações Unidas.
A ONU alerta: as peças eletrônicas podem conter substâncias tóxicas. Ninguém sabe direito o que fazer com as 50 toneladas de lixo eletrônico produzidas no mundo por ano. E esse número é só uma estimativa.
Por enquanto, baseado no volume de vendas de novos equipamentos nas lojas, a única certeza dos técnicos da ONU é de que o entulho cibernético vai triplicar nos próximos três anos.
Aqui no Brasil, não conseguimos ainda nem decidir direito o que fazer com as pilhas usadas. O que dirá, então, computadores inteiros?
Seu Sérgio decidiu não esperar. Na velocidade do seu carrinho, ele segue o rumo da consciência ambiental.
“Imagina como vai ser a água, esse ar que a gente respira? Agora, nós catadores têm entendimento de saber qual é a importância do nosso trabalho”.
Nesta sexta, o repórter Rodrigo Alvarez vai mostrar onde nasceu a gigantesca indústria da informática.
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